sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mãos finas

Dedos longos
Como os pés.

De pernas impossíveis
Imaginadas, lisas
Finas
Como as mãos.

Olhar forte
Triste
De incerta intenção
Suave como a boca
Imaginada doce
E forte como as mãos.

                                                             por gguimalem

2009

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Viagem, viajem

Eu vou indo, mas
Sem sair do lugar, vou
Fraco, forte e solto

Paradoxo I

Mas como dizer
Sem você eu não vivo
Se sei respiro?
                                              por gguimalem

Paradoxo II

Como roubar-te
Ainda que em sonho
Aquele beijo?
                                  por gguimalem

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ousadia

Saberei mais de mim
Quando te encontrar
Tu me dirás o que sou
E eu calarei
Tu me dirás por que sou
E eu te ouvirei
Tu me dirás quem sou
E eu sorrirei

Tu me adoçarás a boca
Tu me afagarás a pele
E eu serei tudo me sentido nada

Porque tu
Tu não me conheces
E eu
Eu serei obrigado
A concordar
                                                                                                                     Por gguimalem
1983

Até que o sangue se misture

Sentado me enfraqueço
No leito de meus sapatos

No leito de meus sapatos
Eu sento quando estou cansado
E me enfraqueço quando estou sentado

                              Por gguimalem
1982

Caso latente

Ser inconseqüente
Sabendo ser
E ser realmente

Ser instantâneo
Divagando ser
Completamente insano

Te buscar demente
Pra depois fugir
Te precisando ausente

A chuva

E quando a chuva
Cair mansinho
Como um orvalho
Que a relva
Encharca

Surpreendendo a todos
Com tamanho silêncio

Sem alarde ou fúria

Eu saberei que estou vivo
Por mais evidente que isso possa parecer
                                                                    por gguimalem
1984

Arranhe: um olhar

Quem dera ser assim
E ao ver teu olhar
Tocar-te

Quem dera ver assim
E ao tocar teu olhar
Sentir-te

Quem dera tocar-te assim
E ao sentir teu olhar
Ser-te
Ser-me

Quem dera ter-te assim
Ter-te em mim

Teres a mim
Em ti, assim

Quem dera o teu olhar em mim
Fosse olhar-te em mim
Quisera olhares-me assim

                                     Por gguimalem
1996

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Sem ti

Primeira vez sem ser. Seria possível?
Não eras a mais bela, mas teus olhos e o teu olhar me fascinaram. Como teu sorriso, triste.
Amor, sem amor. Existe?
Chamei pelo teu nome. Seria?
 – Que meigo, respondeste.
Eu como um menino a mendigar carinho. Um doce, um gesto, um olhar.
Carinho, sem carinho. É possível?
Misturaram-se em mim teus sonhos nos meus. Lembrei-me de mim, de ti. Perdi-me em mim como a muito e sempre. Ouvi teu cheiro. Ouvi? Ainda o ouço agora. Busquei teu olhar no meu. Teus olhos. Busquei teu amor. Não havia. Teu cheiro. Não era teu cheiro. Tenho certeza. Teu cheiro era outro. Cheiro sem cheiro haveria também de ser possível.
Lembro que me pediste algo. Não pude dar. Não ouvi direito. Insensível. Não esperava. Sim, esperava. Sempre esperei de mim algo assim. Um toque sem toque. Presente e ao mesmo tempo ausente. Estranho. Estranhamente normal. E um vazio, cheio de mim.
Parti. Mas sem ti é que vieste comigo.

                                                                                 por gguimalem